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A IA generativa vai extinguir programadores, ou só os que pararam no tempo?

Com o avanço da IA, a programação tradicional enfrenta uma ameaça significativa, mas talvez o verdadeiro risco seja se recusar a evoluir

Postado em 15/08/2025

Igor Reis

A discussão sobre a substituição de programadores pela inteligência artificial generativa está longe de ser apenas teórica. Ferramentas como GitHub Copilot, ChatGPT e CodeWhisperer já estão escrevendo código, sugerindo soluções e automatizando tarefas que antes dependiam da mão humana.

Isso naturalmente acende um alerta: será que os desenvolvedores vão se tornar obsoletos? Mas talvez a pergunta mais honesta seja outra: quem, exatamente, está em risco?

Neste artigo, vamos analisar o impacto real da IA no trabalho de programadores e propor um filtro desconfortável, porém necessário, porque mesmo que nem todos sejam substituídos, certamente alguns serão.

O que separa um profissional indispensável de um dispensável? A resposta pode não estar apenas no domínio técnico, mas na capacidade de pensar, adaptar e evoluir junto com a tecnologia.

O que é a IA Generativa e como ela está sendo aplicada no código

O que é IA Generativa?

A IA generativa é uma classe de inteligência artificial capaz de criar novos conteúdos com base em padrões aprendidos. Isso inclui textos, imagens, vídeos, sons, e mais recentemente, códigos de programação.

Diferente das IAs tradicionais, que apenas analisam dados ou executam comandos predefinidos, a IA generativa consegue simular criatividade, recombinando informações para produzir algo novo.

Ela funciona com modelos de linguagem ou modelos multimodais, treinados com bilhões de exemplos para prever, com alto grau de precisão, a próxima palavra, linha de código ou até mesmo a solução de um problema técnico. O que antes exigia horas de digitação ou raciocínio lógico pode, agora, ser sugerido instantaneamente por um modelo de IA.

Como ela está sendo aplicada ao código?

Na prática, a IA generativa está transformando o processo de desenvolvimento de software em várias frentes. Ferramentas como GitHub Copilot, Amazon CodeWhisperer e o ChatGPT estão sendo integradas ao dia a dia dos devs para escrever trechos de código, corrigir bugs, gerar testes automatizados, sugerir melhores práticas e até traduzir lógica entre linguagens diferentes. Essas IAs agem como copilotos: não assumem o controle total, mas aceleram o percurso.

Por que alguns desenvolvedores já estão sendo substituídos e outros promovidos?

A chegada da IA generativa ao desenvolvimento de software acelerou um movimento que já vinha acontecendo silenciosamente: a valorização de quem pensa além do código.

Desenvolvedores que se limitam a executar tarefas repetitivas, sem entender o impacto do que constroem, estão entre os primeiros a serem substituídos, não porque são inúteis, mas porque a IA já faz esse tipo de trabalho com mais agilidade e menos custo.

Por outro lado, profissionais que sabem tomar decisões, analisar contexto, antecipar problemas e propor soluções completas estão sendo promovidos.

Não se trata apenas de saber programar, mas de saber por que e para quem você está programando. Esses devs usam a IA como apoio, não como muleta, ganhando tempo para sair do raso e se aprofundar no estratégico.

A diferença não está em dominar ferramentas novas, mas em entender que o código é um meio, não um fim. E nesse novo cenário, quem apenas entrega linha por linha está sendo superado por quem entrega valor de ponta a ponta.

A diferença entre escrever código e resolver problemas

Escrever código é uma habilidade técnica. Resolver problemas é uma competência estratégica. A primeira pode ser aprendida com tutoriais, documentações e prática. A segunda exige repertório, raciocínio crítico e capacidade de entender contextos. A IA generativa está deixando essa diferença cada vez mais evidente e, por vezes, mais cara.

Muitos desenvolvedores ainda acreditam que sua principal função é produzir linhas de código. Mas, na prática, o mercado já valoriza mais quem sabe encontrar soluções eficazes do que quem simplesmente escreve código bonito. Resolver problemas envolve entender a necessidade real do usuário, antecipar consequências técnicas, propor abordagens viáveis e, saber quando não programar, também é uma solução.

A IA já escreve código. Ela faz isso com rapidez, coerência e, em muitos casos, de forma funcional. O diferencial do humano está em interpretar a situação, entender o contexto e tomar decisões com base em variáveis que ainda escapam à lógica algorítmica. O futuro da programação não é sobre competir com a IA no teclado, é sobre ocupar o espaço que ela ainda não alcança: o da interpretação, do julgamento e da visão estratégica.

Quais habilidades o mercado espera para o futuro

Não basta mais saber programar. Em 2025, o mercado espera que os desenvolvedores atuem como solucionadores completos, capazes de navegar entre a técnica e a estratégia.

Com o avanço da IA generativa, o perfil valorizado não é mais o do executor solitário, mas o do profissional multidisciplinar, comunicativo e adaptável. O código continua sendo importante, mas já não é o centro exclusivo da entrega.

Pensamento crítico e visão de produto

Saber questionar requisitos, propor alternativas e entender o impacto de cada linha de código no negócio é uma das habilidades mais valorizadas. O dev que entende o “porquê” por trás da tarefa sai na frente de quem só cumpre o “como”.

Capacidade de colaboração com IA

Em vez de ver a IA como ameaça, os profissionais mais valorizados serão aqueles que sabem integrá-la ao fluxo de trabalho: usando-a para gerar código, revisar, testar ou até automatizar decisões operacionais.

Comunicação clara e interpessoal

A ideia do programador isolado perdeu espaço. Hoje, devs precisam dialogar com áreas não técnicas, explicar soluções para stakeholders e colaborar com designers, product owners e até marketing.

Conhecimento em arquitetura e boas práticas

Com a IA ajudando na codificação bruta, ganha relevância quem domina padrões de arquitetura, segurança, escalabilidade e organização de sistemas, fundamentos que a IA ainda não domina com precisão.

Autonomia e responsabilidade na entrega

Empresas valorizam quem não apenas cumpre tarefas, mas assume ownership. Saber priorizar, negociar prazos, revisar o próprio trabalho e entregar com autonomia virou pré-requisito.

Curiosidade constante e aprendizado contínuo

Com a velocidade das mudanças, estagnar é se autoextinguir. Devs que buscam novas ferramentas, linguagens, formas de pensar e tendências se tornam mais valiosos, e mais difíceis de substituir.

Essas habilidades não são modismos; são respostas diretas a um cenário em que o conhecimento técnico já não é mais um diferencial competitivo por si só.

Quem não corre risco: o perfil do programador que evolui com a IA

A IA generativa não representa uma sentença para a programação, mas uma separação de águas. Ela não ameaça todos os desenvolvedores, e sim um perfil específico: o que executa sem refletir, automatiza sem pensar e entrega sem entender. Por outro lado, existe um tipo de profissional que não só permanece relevante, como se torna indispensável nesse novo cenário.

Esse programador entende que a IA é uma ferramenta poderosa, sim, mas ainda limitada. Ele sabe usá-la para acelerar tarefas, testar hipóteses, automatizar o trivial e ganhar tempo para o que realmente importa: resolver problemas complexos, tomar decisões estruturais, colaborar com times multidisciplinares e antecipar necessidades.

Além disso, esse dev se comunica bem, aprende rápido, é curioso por natureza e não se apega a fórmulas prontas. Ele não tem medo de sair do teclado para entrar na reunião, revisar um fluxo de produto, argumentar com dados ou defender uma solução com clareza. Ele pensa em código, mas age como estrategista.

É esse profissional que as empresas querem manter por perto. Isso porque, quando a IA souber programar tudo, ainda será preciso alguém que saiba o que deve ser programado, e por qual motivo.

O paradoxo da produtividade: mais código, menos emprego?

Com a IA generativa aumentando a produtividade no desenvolvimento, surge um paradoxo inevitável: quanto mais eficiente o processo, menos gente é necessária para executá-lo. Ferramentas que escrevem, testam e refatoram código em segundos estão reduzindo o tempo, e o número de profissionais, necessário para entregar um mesmo projeto. Isso levanta uma questão incômoda: se a produção está sendo acelerada, o que acontece com quem sobra?

A resposta não é simples. Em algumas empresas, especialmente as que operam com margens apertadas, já há cortes claros em times que antes eram considerados essenciais. O trabalho que antes exigia cinco desenvolvedores agora pode ser feito por dois, com o suporte da IA. Por outro lado, o aumento da produtividade também abre espaço para produtos mais ambiciosos, ciclos mais curtos de inovação e demandas novas, que só existem justamente porque agora são viáveis.

O ponto é que a IA está redistribuindo o que significa ser produtivo. Quem entrega mais do mesmo, rápido, está sendo substituído. Quem entrega valor, mesmo que com menos linhas de código, continua indispensável. No fim das contas, o que está diminuindo não é o espaço para programadores, é o espaço para programadores que não evoluem.

IA, de inimiga a aliada em sua carreira

A IA não precisa ser o fim da sua trajetória como dev, pode ser o impulso para uma nova fase. Quem aprende a usar essas ferramentas de forma estratégica, ao invés de vê-las como ameaça, sai na frente.

Automatize o básico, ganhe tempo no operacional e concentre sua energia onde a IA ainda não chega: pensamento crítico, decisões complexas e visão de produto.

No CodeBlog, acreditamos que o futuro pertence a quem se adapta. E isso inclui você. Continue acompanhando nosso conteúdo para aprender a evoluir com a tecnologia, não contra ela.