Ao longo das últimas décadas, o mundo do trabalho passou por diversas mudanças impulsionadas por inovações tecnológicas, globalização e transformações sociais. No entanto, poucas mudanças foram tão impactantes como a ascensão dos modelos de trabalho híbrido e remoto. O que antes era uma exceção, uma vantagem competitiva ou, em muitos casos, uma simples idealização, tornou-se a nova norma para milhões de profissionais e organizações em todo o mundo. A pandemia de COVID-19 atuou como um catalisador sem precedentes para essa transformação, forçando uma experimentação em larga escala e acelerando anos de evolução em um curto espaço de tempo. Em questão de meses, milhões de trabalhadores foram transferidos para o trabalho remoto, e as empresas precisaram repensar, de forma rápida e profunda, seus modelos operacionais. Hoje, o debate não é mais "se" o trabalho flexível é viável, mas "como" empresas e colaboradores podem se adaptar e prosperar nessa modalidade.
Neste artigo, você vai descobrir como empresas e profissionais estão se adaptando aos modelos híbrido e remoto, além de ficar por dentro das tendências, dos desafios e das oportunidades que moldam o futuro das relações profissionais.
Da emergência sanitária à flexibilização
Antes de 2020, o trabalho remoto era adotado por um nicho de empresas, principalmente do setor de tecnologia, ou em funções muito específicas. Para a maioria, o escritório era referência de produtividade e cultura organizacional. Com a chegada da pandemia, o que começou como uma medida de emergência sanitária, revelou-se, para muitos, uma oportunidade de reavaliar modelos de trabalho. Empresas que nem cogitavam a adoção dessas modalidades foram forçadas a investir em infraestrutura digital e a repensar a gestão de equipes à distância. Os profissionais, por sua vez, experimentaram uma flexibilidade que permitiu equilibrar melhor a vida pessoal e a profissional. Tudo isso abriu caminho para uma transição mais consciente e voluntária para o que hoje chamamos de modelos flexíveis de trabalho.
Quais são os principais tipos de trabalho flexível?
Para entender o futuro do trabalho, é fundamental diferenciar os principais modelos do cenário atual, que são os formatos remoto e híbrido:
- Trabalho remoto: nesta modalidade, o colaborador executa suas atividades fora do escritório físico da empresa, geralmente de sua casa, espaços de coworking ou outros locais.
- Trabalho híbrido: é uma combinação de trabalho remoto e presencial. As empresas e equipes estabelecem dias fixos ou flexíveis para que os colaboradores trabalhem no escritório, equilibrando a colaboração presencial com a flexibilidade do trabalho à distância. Existem diversas variações, como o modelo 2-3 (dois dias no escritório, três remoto) ou modelos mais fluidos, estabelecidos de acordo com a necessidade de projetos ou reuniões.
A escolha entre um e outro, ou a combinação ideal, depende da empresa, das funções desempenhadas, da cultura organizacional e das preferências dos colaboradores.
Benefícios do trabalho flexível para empresas
Para as empresas, uma das principais vantagens do trabalho híbrido ou remoto é a redução de custos com espaços físicos. Um estudo da Global Workplace Analytics estima que empresas podem economizar até US$ 11 mil por ano por colaborador remoto. Menos pessoas no escritório significa uma diminuição em despesas com aluguel de espaço, energia, água, limpeza e até mesmo infraestrutura de TI. Embora o trabalho flexível exija investimento em ferramentas de colaboração e segurança, o balanço geral pode ser positivo.
Entre as outras vantagens estratégicas para as organizações estão:
- Atração e retenção de talentos: além de competirem diretamente com corporações que seguem os modelos tradicionais, empresas com modelos híbridos ou remotos conseguem acessar um pool de talentos muito maior por não se limitarem a questões geográficas, podendo alcançar os melhores profissionais fora de seu local de atuação.
- Aumento da produtividade: para muitos colaboradores, a ausência de deslocamento, especialmente em grandes centros urbanos, e a maior autonomia sobre o próprio tempo resultam em mais foco e produtividade. A percepção de confiança por parte da empresa também pode impulsionar o desempenho do colaborador.
- Melhora da resiliência organizacional: empresas com infraestrutura e processos adaptados ao trabalho remoto se mostraram mais resilientes a crises e interrupções, garantindo a continuidade dos negócios em cenários adversos.
O trabalho remoto também pode ser uma poderosa ferramenta de inclusão. Ele permite que pessoas com deficiência, cuidadores, mães solo e moradores de regiões afastadas participem do mercado de trabalho de forma descomplicada.
Vantagens da flexibilidade para colaboradores
Para os profissionais, o trabalho flexível oferece uma série de benefícios que impactam diretamente a qualidade de vida e o desenvolvimento de carreira. Entre os principais benefícios estão:
- Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho: a flexibilidade de horários e a ausência de deslocamento permitem que as pessoas dediquem mais tempo à família, além de hobbies, estudos e atividades pessoais, resultando em menos estresse e mais bem-estar.
- Redução de custos pessoais: economia com transporte, alimentação fora de casa, vestuário e, em alguns casos, moradia em grandes centros urbanos.
- Acesso a oportunidades globais: profissionais em regiões com poucas oportunidades em determinada área de atuação podem acessar vagas em qualquer lugar do mundo, ampliando horizontes de carreira e desenvolvimento.
- Maior autonomia e empoderamento: a confiança da empresa, ao permitir o trabalho flexível, empodera o colaborador, aumentando a sensação de responsabilidade e propriedade sobre as tarefas.
Os desafios dos novos modelos de trabalho
Apesar dos inúmeros benefícios, a transição para modelos flexíveis não é isenta de desafios. Como manter a equipe engajada, promover a cultura da empresa e garantir o sentimento de pertencimento quando nem todos estão no mesmo ambiente físico?
Empresas e colaboradores precisam de estratégias claras para navegar pelas complexidades, que vão desde a comunicação até a produtividade, passando por questões de segurança e saúde mental.
- Comunicação e colaboração: a ausência de interações informais do escritório exige que as empresas invistam em ferramentas de comunicação eficazes (plataformas de videoconferência, chats, intranets etc.) e em treinamentos para que a comunicação à distância seja mais clara e objetiva.
- Produtividade e gestão de desempenho: a medição da produtividade pode se tornar mais complexa. É preciso focar em resultados e entregas, para além de horas trabalhadas. Ferramentas de gestão de projetos e acompanhamento de tarefas são essenciais nesse sentido.
- Saúde mental e bem-estar: o isolamento social, a dificuldade de se desconectar do trabalho e a linha tênue entre vida pessoal e profissional podem impactar a saúde mental dos colaboradores. As empresas precisam oferecer suporte, promover pausas programadas e incentivar o equilíbrio por meio de iniciativas internas de conscientização.
- Segurança da informação e infraestrutura: o trabalho remoto aumenta os riscos de segurança cibernética. O uso de redes pessoais, dispositivos não monitorados e a falta de treinamento são grandes fatores de vulnerabilidade. É fundamental que a empresa invista em VPNs, como a da AWS, autenticação multifator, criptografia e em programas de conscientização.
Ferramentas e tecnologias que garantem o sucesso da modalidade flexível
O sucesso desse tipo de trabalho está intimamente ligado ao acesso e ao bom uso de tecnologias que permitem a colaboração e a comunicação à distância. E é aí que as empresas que querem incorporar a cultura do trabalho remoto ou híbrido devem começar.
- Plataformas de comunicação: ferramentas como Slack, Microsoft Teams, Google Meet e Zoom são essenciais para reuniões online, chats e troca rápida de informações.
- Ferramentas de gestão de projetos: Asana, Trello, Jira, Monday.com, entre outras, permitem o acompanhamento de tarefas, prazos e o progresso de projetos, garantindo que todos estejam alinhados. Atualmente, a equipe da CodeBit utiliza o SGM Sistema de Gerenciamento de Manutenções, um sistema próprio, criado justamente para gerenciar as demandas de todos os colaboradores, tanto no remoto quanto no presencial. O sucesso da ferramenta foi tanto que a empresa abriu a solução para o mercado (leia o case).
- Armazenamento em nuvem e compartilhamento de documentos: Google Drive, Microsoft OneDrive e Dropbox facilitam o acesso e a edição colaborativa de documentos, eliminando a necessidade de estar fisicamente no mesmo local. A sua empresa também pode criar soluções próprias ou fazer a migração de um sistema que já existe por meio da CloudOps Migration.
- Sistemas de Gerenciamento de Relacionamento com o Cliente (CRMs) e Planejamento de Recursos Empresariais (ERPs): muitos desses sistemas já são baseados em nuvem, permitindo que equipes de vendas, atendimento e operações trabalhem de qualquer lugar. Com o CodeDev, outra solução da CodeBit, sua empresa pode ter um sistema completo, feito sob medida, e totalmente otimizado para operar na nuvem.
- Ferramentas de segurança cibernética: VPNs, softwares antivírus, soluções de autenticação multifator e treinamentos de segurança são cruciais para proteger dados e sistemas.
A adaptação aos modelos flexíveis de trabalho exige uma mudança profunda no estilo de liderança. O microgerenciamento cede lugar à gestão por resultados e à confiança. Líderes de sucesso, na era do trabalho flexível, precisam desenvolver habilidades de comunicação remota, construir a confiança, promover o bem-estar da equipe, investir em treinamento e desenvolvimento, além de ser exemplo para os colaboradores.
O escritório provavelmente não vai desaparecer, mas seu propósito está sendo redefinido, tornando-se mais um hub de colaboração e inovação do que um local de trabalho diário. Adaptar-se a esse novo cenário é um desafio, mas também uma grande oportunidade para repensar as relações de trabalho sob uma perspectiva mais humana, eficiente e inclusiva.