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Inteligência Artificial

Conheça o novo projeto de IA de Jeff Bezos

De fundador da Amazon a investidor espacial e agora co-CEO de uma startup bilionária de IA: o que esperar do Project Prometheus

Postado em 17/12/2025

Leonardo Fróes

Jeff Bezos é uma figura que dispensa apresentações: transformou uma livraria online em um dos maiores impérios tecnológicos do planeta e, nos anos seguintes, ampliou sua atuação para mídia, espaço e investimentos estratégicos. Desde que deixou o posto de CEO da Amazon em 2021, Bezos tem repartido o tempo entre a Blue Origin, sua carteira de investimentos e a busca por novas frentes tecnológicas com potencial transformador.

Agora, sua atenção operacional volta-se novamente para o núcleo da tecnologia: Bezos passa a atuar como co-CEO de uma nova startup de IA, o Project Prometheus, que já captou recursos na casa dos bilhões e tem ambição declarada de aplicar inteligência artificial à chamada economia física (engenharia, manufatura, aeroespacial e automotiva).

Este artigo descreve a proposta do Prometheus e traça a trajetória recente de Bezos, mostrando como a iniciativa se encaixa em uma carreira que sempre contou com uma visão de longo prazo e vontade de “colocar a mão na massa”.

Project Prometheus

Diferente de startups que concentram seus esforços em aplicações digitais (como chatbots, modelos de recomendação ou publicidade), o Project Prometheus nasce com a ambição de aplicar inteligência artificial para resolver problemas do mundo físico.

Treinar modelos capazes de atuar em ambientes reais exige bases de dados complexas, ciclos longos de simulação, poder computacional em larga escala e especialistas de domínio capazes de validar cada etapa. É um tipo de projeto que demanda capital abundante e equipes altamente qualificadas. Exatamente o tipo de estrutura que um investimento bilionário pode sustentar.

Para Jeff Bezos, que historicamente aposta em infraestrutura, escala e automação de longo prazo, a lógica é investir capital e talento em desafios físicos para gerar vantagens competitivas industriais difíceis de replicar.

Embora ainda discreto, o Prometheus está longe de ser um experimento: estimativas apontam para uma captação de aproximadamente US$ 6,2 bilhões, além da contratação de pesquisadores e engenheiros vindos de centros como OpenAI, DeepMind e Meta. A liderança ficará sob responsabilidade de Bezos e de Vik Bajaj, executivo com trajetória em life sciences e em projetos de tecnologia aplicada à biomedicina.

O que esperar do Project Prometheus

Em vez de priorizar aplicações digitais de curto ciclo, o projeto aposta na transformação da economia física. Uma escolha que define expectativas ambiciosas e um conjunto de desafios altamente especializados.

  1. Soluções avançadas para problemas do mundo real

O Prometheus deve desenvolver modelos capazes de operar em ambientes físicos complexos. Isso envolve simular materiais, prever comportamentos mecânicos, sugerir otimizações em linhas de produção e acelerar ciclos de P&D que tradicionalmente dependem de testes longos e custosos.

  1. Dados proprietários de alto valor e novas infraestruturas de simulação

Como os problemas do mundo físico não têm datasets públicos suficientes, é esperado que a empresa invista pesado em geração própria de dados, parcerias industriais e sistemas de simulação capazes de reproduzir fenômenos físicos com precisão. Esses ativos podem criar uma barreira competitiva difícil de replicar.

  1. Avanços em hardware e computação especializada

Projetos desse tipo dependem de capacidade computacional massiva. É provável que o Prometheus dedique parte relevante do capital captado à aquisição de GPUs/TPUs, otimização de pipelines de treinamento e desenvolvimento de arquiteturas ajustadas a cálculos físico-computacionais.

  1. Um time multidisciplinar e altamente disputado

A promessa do projeto atrai especialistas de IA, engenharia, física computacional e materiais. No contexto atual, marcado por salários elevados e intensa rotatividade entre OpenAI, Google, Meta e startups, espera-se que o Prometheus se torne um dos polos mais competitivos na atração desses talentos.

  1. Um projeto com ambição de longo prazo

O envolvimento direto de Jeff Bezos indica que o Prometheus é um empreendimento estratégico. Sua capacidade de captar US$ 6,2 bilhões e reunir equipes de Meta, DeepMind e OpenAI reforça que o objetivo é disputar relevância na próxima fase da IA aplicada.

Um perfil rápido de Jeff Bezos

A história pública de Bezos está marcada por escolhas de longo prazo. Fundador da Amazon em 1994, ele construiu uma empresa que virou referência em varejo e infraestrutura em nuvem, e só saiu do posto de CEO executivo em 2021 para assumir um papel de presidente executivo. Sua linha do tempo pode ser visualizada como:

  Ano

  Marco

  1994

  Fundou a Amazon — início como livraria online.

  1997

  IPO da Amazon — expansão e capitalização.

  2000

  Fundou a Blue Origin — entrada na tecnologia aeroespacial.

  2013

  Comprou o The Washington Post — expansão para mídia, influência cultural e política.

  2021

  Deixou o cargo de CEO executivo da Amazon — foco em inovação e projetos pessoais.

  2020

  Aumentou investimentos via Bezos Expeditions.

  2025

  Co-fundador/co-CEO operacional do Project Prometheus.

A nova etapa marca um retorno ao operacional, atuando de forma integrada aos projetos que já lidera.

A agenda espacial

A paixão de Bezos pelo espaço não é recente. Ele fundou a Blue Origin em 2000 e descreve o projeto como “o trabalho mais importante” da sua vida. Desde então, a empresa opera em duas frentes:

  • Voos suborbitais com o foguete New Shepard, voltados ao turismo espacial e a testes científicos.
  • Iniciativas de longo prazo ligadas à infraestrutura orbital, plataformas lunares e desenvolvimento de tecnologias para uso sustentável no espaço.

Bezos também utilizou a Blue Origin como palco para missões tripuladas com perfis públicos. Uma das viagens que mais chamaram a atenção incluiu a cantora Katy Perry.

A Blue Origin é frequentemente comparada à SpaceX, de Elon Musk. Mas, apesar da rivalidade pontual, suas estratégias são distintas.

A SpaceX opera com uma ambição declarada de colonização de Marte, forte presença no mercado de lançamentos orbitais e serviços como o Starlink.

Já, a Blue Origin mantém um foco mais voltado ao desenvolvimento de infraestrutura espacial privada, ao turismo suborbital e a projetos de médio e longo prazo que buscam viabilizar uma economia no espaço. Sua narrativa é menos sobre colonização e mais sobre capacidade industrial e criação de condições para que futuras gerações possam viver e trabalhar fora da Terra.

Perfil de investimentos e filosofia pessoal

Bezos sempre defendeu um percurso profissional que inclua experiência em grandes empresas antes de empreender, um conselho que contrasta com narrativas de “dropouts” do Vale do Silício. Formado em engenharia por Princeton, ele valoriza conhecimento técnico, processos rigorosos e estratégia de longo prazo. Publicamente, defende educação formal e a construção de experiência profissional prévia.

Essa visão se reflete em seu perfil de investimentos, o qual privilegia áreas que exigem conhecimento estrutural, ciclos longos e capacidade de execução.

A gestora Bezos Expeditions tem intensificado aportes em empresas de IA, reforçando uma filosofia que valoriza tecnologia profunda, desenvolvimento contínuo e participação ativa nos setores em que acredita que o futuro será construído.

Vida pessoal e trajetória

Embora sua imagem esteja fortemente associada à tecnologia e ao empreendedorismo, a vida pessoal de Jeff Bezos sempre exerceu influência direta sobre suas decisões profissionais. Ele costuma citar a importância da “minimização do arrependimento”, conceito formulado ainda na juventude e que o levou a deixar uma carreira estável em Wall Street para fundar a Amazon em 1994. Essa lógica — priorizar escolhas que preservam impacto de longo prazo — reaparece em praticamente todos os seus movimentos estratégicos.

Nos últimos anos, Bezos também tem dedicado mais tempo a projetos que combinam propósito e legado. Alterações significativas em sua rotina, como a mudança para Miami e o foco em iniciativas como a Blue Origin e o Bezos Earth Fund, reforçam uma fase em que vida pessoal, patrimônio e visão tecnológica se entrelaçam.

É um momento marcado por presença mais ativa em operações que ele considera decisivas para o futuro, tanto o dele quanto o das indústrias nas quais escolheu investir.

Ao assumir uma posição operacional e integrar o Prometheus ao seu ecossistema de iniciativas, Bezos sinaliza que a próxima fronteira da IA estará em problemas físicos, produtivos e industriais. A ambição é elevada, e os desafios são proporcionais.

O que determinará o impacto real do Prometheus será a capacidade de transformar pesquisa em produtos e soluções que funcionem no mundo real.

É justamente nesse ponto, em que a visão de longo prazo encontra execução, que o novo projeto pretende se posicionar, sendo liderado pelo terceiro homem mais rico do mundo.