Nos últimos anos, os wearables ou dispositivos vestíveis viraram uma verdadeira febre entre o público fitness. O que começou como um simples contador de passos se transformou em um sofisticado laboratório de saúde que cabe no pulso, no dedo ou até mesmo em roupas. Com a chegada de novos sensores avançados e recursos impulsionados por inteligência artificial, os wearables estão redefinindo o conceito de autocuidado e invadindo as fronteiras da medicina preventiva.
Projetado para atingir US$ 70 bilhões em 2025, segundo a Statista, o mercado de wearables tem se tornado um dos mais vantajosos, tanto para marcas quanto para usuários. Pesquisas da Universidade da Califórnia mostraram que usuários desse tipo de dispositivo apresentaram redução de até 25% nas idas ao hospital devido ao gerenciamento mais eficaz de suas condições crônicas. No Brasil, 30% da população já usa algum dispositivo de saúde vestível, e a tendência é de crescimento acelerado. Até 2030, a IDC prevê que 70% dos adultos em países desenvolvidos usarão wearables.
Mas, se engana quem pensa que essa tecnologia é extremamente recente. Neste artigo, você vai conhecer a trajetória desses dispositivos, saber quais são os melhores wearables de 2025, além de descobrir as inovações que estão por vir.
A trajetória dos wearables
A história dos dispositivos vestíveis inteligentes começou há décadas, muito antes de eles se tornarem parte do nosso cotidiano. Embora relógios digitais já existissem desde os anos 1970 — com o HP-01 da Hewlett-Packard em 1977 sendo considerado o precursor dos smartwatches, com calculadora e armazenamento de dados —, foi apenas no século XXI que a tecnologia wearable ganhou foco real em saúde e fitness.
O divisor de águas aconteceu em 2007, quando James Park e Eric Friedman fundaram a Fitbit Inc. em São Francisco, Califórnia. Em 2009, a empresa lançou o Fitbit Tracker, o primeiro dispositivo vestível focado em monitoramento de atividades físicas vendido em massa globalmente. Aquele simples contador de passos revolucionou o mercado ao popularizar a ideia de que as pessoas poderiam acompanhar suas métricas diárias de saúde.
Com a Fitbit liderando o caminho, outras empresas logo perceberam o potencial desse mercado. Em 2012, nasceu o Pebble Watch através de uma campanha de financiamento coletivo, considerado o primeiro smartwatch moderno, estabelecendo as bases para a criação de dispositivos mais evoluídos. Mas, foi em 2015 que o mercado de wearables explodiu definitivamente com o lançamento do Apple Watch pela Apple, que trouxe design elegante, integração com smartphones e funcionalidades de saúde cada vez mais avançadas.
A partir daí, gigantes da tecnologia como Samsung, Google (que adquiriu a Fitbit em 2021) e Garmin entraram na corrida, enquanto startups inovadoras como a Oura começaram a explorar formatos alternativos, como anéis inteligentes.
De contador de passos a consultório portátil
Passos dados, distância percorrida, calorias queimadas e qualidade do sono eram as principais métricas dos primeiros wearables. Apesar de úteis para o público fitness, essas informações eram relativamente limitadas do ponto de vista médico.
A verdadeira transformação desses dispositivos começou quando os fabricantes incorporaram sensores mais sofisticados aos seus modelos. Conheça alguns deles a seguir.
Monitoramento cardíaco contínuo
Os smartwatches modernos conseguem medir a frequência cardíaca 24 horas por dia por meio de sensores ópticos (fotopletismografia). Mais importante ainda, dispositivos como o Apple Watch introduziram a funcionalidade de eletrocardiograma (ECG) em 2018, permitindo que usuários detectem arritmias cardíacas, especialmente fibrilação atrial — uma condição que afeta mais de 20 milhões de brasileiros, de acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac) e pode levar à morte súbita se não diagnosticada.
Oximetria de pulso (SpO2)
A medição da saturação de oxigênio no sangue tornou-se padrão em muitos wearables, sendo crucial para identificar problemas respiratórios e condições como apneia do sono. O Galaxy Watch 7, por exemplo, recebeu aprovação da Anvisa em 2025 para detecção de apneia do sono, uma inovação que pode transformar a vida de milhões de pessoas que sofrem desse distúrbio sem nem saber.
Temperatura corporal
Sensores de temperatura integrados permitem rastrear variações que podem indicar desde o início de uma infecção até mudanças hormonais no ciclo menstrual. O anel inteligente Oura Ring se destacou nessa área, conseguindo detectar até sinais precoces de COVID-19 antes dos sintomas se manifestarem.
Monitoramento de glicose
Uma das fronteiras mais promissoras é o monitoramento não invasivo de glicose. Startups como a Quantum Operation já desenvolveram protótipos de wearables com espectrômetros que medem níveis de açúcar no sangue através da pele, sem necessidade de picadas nos dedos — algo revolucionário para os mais de 12% da população brasileira que vive com diabetes.
Os melhores wearables de 2024-2025
O mercado atual oferece uma diversidade impressionante de wearables, cada um com suas especialidades. Confira alguns deles, começando pelo Apple Watch:
Apple Watch Series 10
Continua sendo referência em integração com o ecossistema iOS, oferecendo monitoramento completo de saúde com ECG, SpO2, detecção de quedas e arritmias, além de recursos de comunicação e apps diversos. O chip S10 usa inteligência artificial para prever riscos de quedas em idosos.
Apple Watch Ultra 2
Versão robusta e premium com bateria estendida, tela maior e recursos avançados para atletas e aventureiros.
Samsung Galaxy Watch 7
Dispositivo Android com Wear OS que agora inclui detecção certificada de apneia do sono, além de monitoramento cardíaco, SpO2 e GPS. Oferece excelente integração com smartphones Samsung.
Samsung Galaxy Watch Ultra
Primeira incursão da Samsung no mercado de smartwatches resistentes, competindo diretamente com o Apple Watch Ultra.
Fitbit Charge 6
Para quem busca algo mais focado em fitness sem abrir mão da saúde, este rastreador oferece 7 dias de bateria, monitoramento de frequência cardíaca, SpO2 e análise de sono. É uma opção mais acessível do que smartwatches completos.
Google Pixel Watch 3
Chegou em 2024 com modelo de 45mm, oferecendo duração de bateria melhorada e integração nativa com serviços Google, incluindo Fitbit Premium.
WHOOP 4.0
Voltado para atletas sérios, monitora continuamente esforço, recuperação e sono, fornecendo recomendações personalizadas sobre quando treinar ou descansar. Design discreto para uso 24/7.
Xiaomi Smart Band 9
É a opção mais econômica para quem quer começar no mundo dos wearables sem gastar muito, mantendo recursos essenciais como monitoramento cardíaco e de sono.
Anéis e roupas inteligentes: a nova fronteira
Enquanto os relógios ganham mais sofisticação e personalização por meio de pulseiras, adereços e infinitas opções de cores, os anéis inteligentes surgem com a promessa de oferecerem monitoramento discreto e confortável, especialmente durante o sono.
Oura Ring 4
Lançado em 2024, esse modelo é considerado uma referência entre os anéis inteligentes. Disponível em seis acabamentos (incluindo ouro e ouro rosé) e 12 tamanhos (do 4 ao 15), monitora frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca (HRV), temperatura corporal, sono e até o ciclo menstrual. Custa entre US$ 349 e US$ 499, exigindo assinatura mensal de US$ 5,99 para acesso completo aos insights. Compatível com iOS e Android.
Samsung Galaxy Ring
Lançado em julho de 2024, é a resposta da Samsung ao Oura Ring. Mais fino (7mm vs 7,9mm) e leve (2,3g vs 3,3g), oferece monitoramento de sono, frequência cardíaca, atividades físicas e até controle de dispositivos por gestos (apertar os dedos). Disponível em três cores e tamanhos de 5 a 13, custa US$ 399 sem necessidade de assinatura mensal. Limitação: funciona apenas com smartphones Android, especialmente Samsung.
RingConn Gen 2 Air
Essa é alternativa mais acessível ao Oura Ring, com bateria de longa duração e recursos similares a um custo menor.
Roupas inteligentes
Em 2025, roupas com sensores integrados nas fibras já medem batimentos, postura, calorias e fadiga muscular, conectando-se a apps de saúde em tempo real. Atletas profissionais e entusiastas do treino funcional estão adotando essas peças para prevenir lesões.
O futuro promete ainda mais
Apesar dos avanços impressionantes, os wearables ainda enfrentam desafios, e a precisão dos dados é o principal deles. Isso porque os sensores podem ter margem de erro entre 5 e 10% nas métricas, porcentagem que os colocam como ferramentas complementares, não substitutos do acompanhamento médico adequado. Outros desafios incluem custo, acessibilidade, duração da bateria e privacidade de dados.
Mesmo com todos os desafios, as inovações não param. O mercado já prevê o lançamento de:
- Sensores de glicose totalmente não invasivos integrados em smartwatches.
- Detecção precoce de mais doenças, incluindo alguns tipos de câncer por intermédio de biomarcadores.
- Integração mais profunda com sistemas de telemedicina, permitindo que médicos monitorem pacientes remotamente em tempo real.
- Bateria de estado sólido em anéis inteligentes, aumentando ainda mais a duração.
- Expansão da realidade aumentada com óculos inteligentes focados em saúde.
- Roupas inteligentes mais acessíveis para o público geral.
Com a expansão do 5G e o avanço da inteligência artificial, os wearables estão se tornando cada vez mais essenciais na jornada de saúde digital. Ao colocar os usuários como protagonistas de seus próprios cuidados, esses dispositivos democratizam o acesso a informações de saúde e prometem transformar a medicina preventiva.
A revolução dos wearables não é sobre substituir médicos ou atendimento especializado, mas sim empoderar as pessoas com conhecimento sobre seus próprios corpos, permitindo intervenções mais rápidas e tratamentos mais eficazes. Em um mundo onde a prevenção é cada vez mais valorizada, esses pequenos dispositivos podem fazer uma enorme diferença entre detectar um problema a tempo ou tarde demais.



