Codebit - Programando Soluções

Saúde

Setor de TI lidera o ranking do burnout, com 42,5% de profissionais afetados

Conheça 6 estratégias para combater a síndrome no dia a dia e veja o que as empresas tech podem fazer pela saúde mental de colaboradores

Postado em 14/07/2025

Brenda Pimentel

Inovações constantes, prazos apertados, ritmo acelerado e ataques cibernéticos são apenas alguns desafios enfrentados todos os dias por profissionais da área de tecnologia, uma das mais importantes da atualidade. A busca por alta performance, aliada à pressão por entregas rápidas, jornadas longas e ambientes altamente competitivos, tem contribuído para um aumento alarmante de casos de burnout entre desenvolvedores, analistas, designers e outros profissionais do nicho.

Os números confirmam a gravidade do cenário. Uma pesquisa recente da Telavita aponta que o setor de TI lidera o ranking do burnout, com 42,5% dos profissionais já apresentando a síndrome completa. Outro estudo, da ManageEngine, revela que 66,3% dos profissionais de TI brasileiros relataram estresse no trabalho. O índice é o maior da América Latina, ao lado da Argentina e da Colômbia, que aparecem no estudo com 65,3% e 65,1%, respectivamente. A questão é tão crítica que o Brasil já é o segundo país do mundo com mais casos de burnout, ficando atrás apenas do Japão, segundo a International Stress Management Association (ISMA).

Mas afinal, o que é burnout e quais são os sintomas?

Relatada pela primeira vez em 1974, pelo psicólogo americano Hebert Freudenberger, a Síndrome de Burnout é definida como um estado de exaustão física e mental causado pelo estresse crônico no trabalho. 

Desde janeiro de 2022, a condição, que também é conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é oficialmente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença ocupacional, integrando a lista de Classificação Internacional de Doenças (CID).

O burnout é caracterizado por três dimensões principais:

1. Exaustão emocional e física

É o sintoma mais visível. A pessoa se sente esgotada, sem energia para começar um novo dia de trabalho. Esse cansaço é profundo e não melhora com o descanso do fim de semana.

2. Despersonalização

O profissional se distancia dos colegas, além de adotar uma postura de negatividade e indiferença em relação ao trabalho. Irritabilidade, agressividade e perda de controle emocional são comuns, assim como insônia, fadiga e quadros depressivos ou ansiosos.

3. Queda acentuada na produtividade:

Além de mudar o padrão de entregas, o profissional começa a sentir que não é mais competente em suas tarefas, o que gera frustração, sensação de fracasso e afeta a autoestima.

Neste artigo, exploramos estratégias simples, mas de alto impacto, para combater essa síndrome e ter uma relação mais saudável com o trabalho. Lembrando que, reconhecer essa tríade é o primeiro passo para buscar ajuda profissional, obter um diagnóstico correto e iniciar um tratamento adequado.

6 estratégias para lidar com o burnout

1. Reconheça os sinais do burnout antes que ele se instale

Cansaço que não passa, distanciamento emocional do trabalho, dificuldade de concentração e queda de produtividade são sinais de alerta importantes. Desenvolver a capacidade de reconhecê-los, seja em você mesmo ou em algum colega, é essencial para agir rápido e evitar o agravamento da condição.

2. Faça pausas e intervalos reais

Na cultura tech, é comum ver profissionais pulando refeições ou trabalhando por horas a fio sem pausas adequadas. Isso quando a pausa não envolve algum jogo estimulante, que exige ainda mais concentração. A fim de que um quadro negativo e patológico não se desenvolva no ambiente de trabalho, sugerem-se algumas práticas: pequenas pausas ao longo do dia — como um café longe da tela, alguns minutos de alongamento ou uma caminhada rápida, exercícios de meditação, ouvir uma música suave. Essas simples medidas ajudam a recarregar o cérebro, melhoram o foco e reduzem o estresse acumulado.

3. Estabeleça limites claros entre trabalho e vida pessoal

Com o trabalho remoto e modelos híbridos, a linha entre o profissional e o pessoal ficou ainda mais tênue. Criar rituais para marcar o fim do expediente, como fechar o computador, trocar de roupa ou sair para uma atividade física, ajuda o cérebro a entender que o momento de descanso chegou.

4. Utilize a tecnologia como aliada da saúde mental

Aplicativos de meditação, ferramentas de foco (como o método Pomodoro), plataformas que monitoram o tempo de tela e soluções de ergonomia digital podem ajudar a manter uma rotina mais equilibrada. A tecnologia não precisa ser inimiga — ela pode ser usada estrategicamente para cuidar da mente.

5. Priorize o sono e a alimentação

Pode parecer óbvio, mas o básico ainda é negligenciado por muitos profissionais tech. Dormir bem e manter uma alimentação equilibrada impactam diretamente no desempenho cognitivo, na tomada de decisão e na regulação emocional — aspectos-chave para uma rotina mais saudável e produtiva.

6. Busque ajuda profissional

Se as estratégias de autocuidado e as mudanças na rotina não estão surtindo efeito, ou se você sente que os sintomas de exaustão já dominaram o seu dia a dia, procure apoio especializado. Tentar lidar com o burnout sozinho pode agravar o quadro e prolongar a recuperação. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais utilizadas para reestruturar pensamentos e comportamentos disfuncionais associados ao esgotamento.

Se os sintomas forem graves, envolvendo, por exemplo, depressão, ansiedade ou insônia severa, um médico psiquiatra deve ser consultado. Este profissional pode fazer um diagnóstico preciso, avaliar a necessidade de tratamento e acompanhar sua evolução clínica.

Muitas empresas de tecnologia já oferecem Programas de Apoio ao Empregado, que incluem acesso a sessões de terapia gratuitas ou com custo reduzido. Verifique se a sua organização dispõe desse benefício.

Como as empresas podem evitar o burnout

Ambientes que valorizam apenas entregas e ignoram o bem-estar tendem a gerar ciclos de sobrecarga e rotatividade. Empresas que adotam políticas transparentes, oferecem apoio psicológico, promovem feedbacks constantes e respeitam o tempo de descanso de suas equipes. Enfim, constroem um ambiente mais sustentável e produtivo.

Capacitar equipes de liderança para identificar sinais de estresse e promover práticas saudáveis pode ser o diferencial entre um time engajado e um grupo à beira do colapso. Workshops, palestras e programas internos de saúde mental são investimentos que retornam em produtividade, clima organizacional e retenção de talentos.

Quebrar o tabu é fundamental. Quando líderes compartilham suas experiências, incentivam pausas e se mostram empáticos às dificuldades da equipe, criam um ambiente onde os colaboradores se sentem seguros para falar sobre seu bem-estar. Isso reduz o isolamento e previne crises silenciosas.

No setor de tecnologia, em que os dados mostram um cenário preocupante, criar mecanismos de proteção emocional e incentivar uma cultura de bem-estar é essencial para que talentos floresçam, empresas prosperem e a inovação aconteça de forma sustentável. Lidar com o burnout não é apenas uma questão individual, mas um compromisso coletivo com um futuro mais humano e saudável no universo tech.