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Conheça o golpe que usa a câmera do seu celular para roubar dados

Quishing: como criminosos usam QR Codes para aplicar fraudes digitais

Postado em 13/10/2025

Leonardo Fróes

O QR Code se consolidou como uma das ferramentas mais práticas da vida digital moderna. Presente em cardápios de restaurantes, pontos de transporte, pagamentos por aproximação e até em campanhas de marketing, ele se tornou parte do cotidiano. Mas a popularidade também atraiu golpistas.

Um novo tipo de fraude, conhecido como Quishing, combina a tecnologia dos QR Codes com táticas de phishing para enganar usuários e roubar dados pessoais e financeiros.

A seguir, explicamos o que é o Quishing, como ele funciona, os principais riscos envolvidos e quais medidas podem ajudar a evitar que um simples escaneamento de câmera se transforme em um grande problema de segurança.

O que é Quishing e por que ele preocupa

O termo Quishing combina “QR Code” e “phishing” e descreve uma fraude digital que vem ganhando espaço no mundo todo. Nesse golpe, criminosos criam ou adulteram QR Codes para induzir a vítima a acessar sites falsos, baixar aplicativos maliciosos ou inserir dados pessoais e financeiros em formulários fraudulentos.

A grande armadilha do Quishing está na aparência de legitimidade do QR Code. Como o link oculto só aparece depois que o código é escaneado, o usuário não tem como verificar de antemão para onde está sendo direcionado. Essa característica dá aos golpistas uma vantagem significativa, já que muitas pessoas confiam automaticamente na tecnologia e não desconfiam dos riscos.

Diferente de outros golpes digitais mais conhecidos, como links suspeitos em e-mails ou mensagens, o Quishing explora justamente a praticidade que tornou os QR Codes tão populares. O que deveria ser um atalho para simplificar tarefas cotidianas, pagar contas, acessar cardápios ou baixar aplicativos, acaba virando um caminho rápido para roubo de dados, clonagem de informações bancárias e instalação de malwares.

A explosão do uso de QR Codes

A pandemia acelerou a digitalização de hábitos do dia a dia, e os QR Codes rapidamente se tornaram parte da rotina. Restaurantes substituíram cardápios físicos por versões digitais, o comércio passou a usá-los em promoções, e o sistema financeiro popularizou pagamentos instantâneos via PIX com apenas um escaneamento. Em pouco tempo, esse recurso simples e prático passou a ser visto como sinônimo de conveniência.

No entanto, essa adoção em massa aconteceu sem a devida preocupação com segurança cibernética. Ao contrário de links tradicionais, que podem ser inspecionados antes do clique, os QR Codes ocultam o endereço de destino até o momento da leitura. Esse detalhe abriu espaço para criminosos, que passaram a explorar a confiança dos usuários.

Os números confirmam a dimensão do problema: 73% das pessoas escaneiam QR Codes sem verificar sua origem, e mais de 26 milhões já foram direcionadas para sites maliciosos dessa forma. Ou seja, quanto mais natural se torna o hábito de “apontar a câmera e clicar”, maior também é a vulnerabilidade a golpes como o Quishing.

Técnicas mais comuns de Quishing

Embora o golpe do Quishing possa assumir diferentes formas, a lógica é sempre a mesma: usar o QR Code como isca para conduzir a vítima a um ambiente controlado pelo criminoso. A partir daí, dados pessoais, credenciais bancárias ou até mesmo o próprio dispositivo ficam em risco.

Entre as práticas mais recorrentes estão:

  • E-mails e mensagens falsas: enviados por SMS, WhatsApp ou e-mail, imitam comunicações oficiais de bancos, carteiras digitais e serviços de entrega, redirecionando para páginas de login falsas.
  • Códigos adulterados em locais públicos: adesivos são colados sobre QR Codes legítimos, em restaurantes, estacionamentos ou totens de transporte, levando o usuário a sites fraudulentos.
  • Pacotes e documentos fraudulentos: chegam ao endereço da vítima acompanhados de QR Codes que instalam malware ou direcionam a formulários de coleta de dados.
  • Ataque intermediário (Man-in-the-Middle): redireciona o usuário por uma página de captura de dados antes de levá-lo ao site verdadeiro, tornando a fraude menos perceptível.

O sucesso dessas técnicas se apoia em dois fatores: a confiança excessiva dos usuários nos QR Codes e a dificuldade de verificar para onde eles realmente apontam antes do escaneamento. Essa combinação cria um terreno fértil para criminosos digitais.

Consequências para as vítimas

O Quishing costuma causar prejuízos que vão além do valor perdido no momento da fraude. A seguir, as consequências mais comuns e por que elas podem se arrastar por meses ou anos:

  • Roubo de informações pessoais: dados como nome, endereço, telefone e e-mail podem ser coletados e usados para fraudes de identidade, cadastro de contas em nome da vítima ou engenharia social.
  • Comprometimento financeiro: credenciais bancárias, números de cartão e senhas podem ser capturados e utilizados para transferências, compras online ou saque de contas. Em muitos casos as transações só são detectadas quando já houve perda financeira.
  • Infecção do dispositivo: o QR pode levar ao download de malware, desde keyloggers e spyware que monitoram atividades até ransomware que criptografa arquivos e exige resgate. Isso afeta tanto a privacidade quanto a continuidade do uso do aparelho.
  • Fraudes secundárias e revenda de dados: informações obtidas podem ser vendidas na dark web ou usadas em golpes subsequentes (por exemplo, falsas solicitações de pagamento a contatos da vítima), multiplicando o dano.
  • Impacto pessoal e operacional: além do dano econômico, há tempo e custo com recuperação (bloqueio de cartões, restauração de backups, atendimento ao cliente de bancos), estresse emocional e perda de confiança em serviços digitais.

O Quishing raramente é um problema pontual, ele pode desencadear um ciclo de prejuízos. Por isso, ao identificar um possível golpe, é crucial agir rápido: notificar bancos e provedores, trocar senhas, verificar dispositivos com antivírus e registrar ocorrência na polícia para aumentar chances de contenção e recuperação.

Como se proteger do Quishing

Prevenir é sempre o melhor caminho quando se trata de golpes digitais, e o Quishing não é exceção. Seguir boas práticas de segurança pode reduzir drasticamente o risco de cair em armadilhas envolvendo QR Codes. Entre as principais recomendações dos especialistas estão:

Verifique a origem do QR Code antes de escanear: evite códigos recebidos por e-mail, mensagens ou redes sociais de remetentes desconhecidos. Sempre confirme se o código é legítimo, principalmente em pagamentos ou promoções.

Observe se o código não foi adulterado em locais públicos: criminosos podem colar adesivos com QR Codes falsos sobre códigos legítimos em restaurantes, pontos de transporte ou totens de autoatendimento. Um olhar atento pode evitar surpresas desagradáveis.

Desconfie de ofertas ou promoções exageradas: se um código promete descontos ou prêmios irresistíveis, é importante tratar com cautela. Golpistas costumam usar incentivos tentadores para induzir cliques rápidos.

Confira o URL após o escaneamento: o site deve começar com https:// e corresponder exatamente à instituição ou serviço que você conhece. Qualquer discrepância ou endereço estranho deve ser considerado suspeito.

Use aplicativos de leitura seguros: alguns leitores de QR Code oferecem alertas sobre links maliciosos antes mesmo de abrir o navegador, funcionando como uma camada extra de proteção.

Mantenha o antivírus atualizado: ter o software de segurança mais recente no celular ajuda a identificar e bloquear malware que possa ser instalado por códigos maliciosos.

Evite fornecer informações pessoais em sites desconhecidos: nunca informe dados bancários, senhas ou informações sensíveis em páginas acessadas via QR Code cujo remetente ou origem você não possa confirmar.

Seguindo essas práticas simples, é possível aproveitar a praticidade dos QR Codes sem abrir mão da segurança digital. O cuidado e a atenção contínuos são as melhores defesas contra o Quishing.

Casos reais chamam atenção

Autoridades de segurança digital, como o FBI, têm chamado atenção para o crescimento dos golpes de Quishing, destacando que eles podem afetar tanto consumidores quanto pequenos negócios. Entre os casos mais comuns estão:

Pacotes com QR Codes falsos: entregues em residências, direcionando usuários a sites maliciosos que coletam dados pessoais ou instalam malware.

Vendedores online enganados: compradores enviam QR Codes supostamente de pagamento, mas que levam a páginas falsas, como clones de PayPal, comprometendo transações.

Esses exemplos evidenciam que o Quishing não se limita a um público específico. Consumidores, empreendedores e até empresas podem ser alvos, reforçando a necessidade de cautela e educação digital.

Por que o Quishing cresce tão rápido

Especialistas apontam que o crescimento do Quishing está diretamente relacionado à redução da eficácia dos ataques de phishing tradicionais por e-mail. À medida que empresas implementam filtros mais rigorosos e protocolos de segurança avançados, os criminosos precisam encontrar novas formas de enganar os usuários.

O QR Code surgiu como uma ferramenta ideal para isso: rápido, prático e aparentemente inofensivo, ele transmite uma sensação de confiança.

Além disso, o fato de o destino do link só ser revelado após a leitura cria uma oportunidade perfeita para redirecionamentos maliciosos, instalação de aplicativos fraudulentos e roubo de dados pessoais, tornando o Quishing uma ameaça crescente no ambiente digital.

Atenção redobrada na era dos QR Codes

O Quishing é um alerta de que, no ambiente digital, nenhuma tecnologia é completamente segura sem a conscientização do usuário. A praticidade dos QR Codes veio para ficar, mas exige hábitos atentos de verificação antes de aproximar a câmera do celular.

Além de ferramentas, é necessário investir em alfabetização digital, afinal, educar usuários sobre riscos, ensinar boas práticas de segurança e promover consciência sobre fraudes é tão importante quanto a tecnologia em si.

Com informação, atenção e ferramentas de proteção, é possível usufruir das facilidades digitais sem se tornar vítima de criminosos que transformam conveniência em oportunidade de fraude.